Pop-Up Cities e a Ipê CIty: o que são ?

Olá caros leitores!
   Quando o assunto é tecnologia, sabemos o quanto é essencial estar por dentro das novidades do mercado e das oportunidades emergentes. Por isso, sempre que posso, faço questão de participar de eventos ligados a esse universo. Desta vez, tive a oportunidade de participar de um evento gratuito promovido pela Founder Haus, uma fundação atuante no setor de capital de risco e participações privadas. A organização tem como foco as verticais de qualidade de vida, uso inteligente do espaço físico e bem-estar comunitário, tudo isso guiado por um propósito central: A resiliência humanaFonte: LinkedIn

   O evento, intitulado "Ipê City Meetup – O futuro da sociedade: O que são Pop-up Cities e como você pode impactar?", aconteceu no dia 27 de março de 2025, no Hub Primavera, ao lado da ACATE. Com uma atmosfera descontraída e acolhedora, teve direito a comes e bebes e reuniu nomes relevantes do ecossistema de startups e tecnologia, como Gabriel Novak (BLOCKFUL), Jean Hansen (IpêCity) e o próprio Walmoli Gerber Junior, atual  Vice-Presidente da ACATE.

Bem, mas o que são essas Pop-Up Cities?

    Para entender esse novo conceito, é importante compreender o papel da governança, não apenas a tradicional, mas também um novo modelo: a governança on-chain. A principal diferença entre elas está na velocidade e na transparência dos processos. Na governança tradicional, decisões são tomadas por representantes, muitas vezes de forma centralizada e nem sempre transparente. Já na governança on-chain, as decisões são executadas por meio de smart contracts (contratos inteligentes), que são públicos, auditáveis e automatizados, facilitando o controle coletivo de bens públicos digitais (public goods).
   Um exemplo desse modelo de governança é o caso da Ethereum, onde grande parte das decisões sobre o protocolo é tomada por meio de mecanismos descentralizados, como votações conduzidas pela comunidade que detém tokens de governança. Embora Vitalik Buterin, um dos cofundadores, ainda seja uma figura influente, ele não controla unilateralmente a rede, já que decisões importantes envolvem desenvolvedores, validadores e a comunidade mais ampla.
Por definição, a governança on-chain é um sistema no qual mudanças e decisões dentro de um protocolo são realizadas por votação dos stakeholders, utilizando regras pré-estabelecidas e executadas automaticamente pela blockchain.

    Mas de maneira prática, quais seriam as vantagens de uma governança descentralizada dentro dessas cidades modulares ? 

   A principal vantagem das Pop-up Cities está na flexibilidade proporcionada pela governança on-chain, que possibilita maior liberdade e autonomia para seus habitantes. Com isso, as decisões, assim como a alocação de verbas, são direcionadas prioritariamente para as necessidades da comunidade interna.
Esse modelo cria um ambiente fértil para o desenvolvimento de inovações, permitindo a experimentação de modelos sociais alternativos e comunitários, como DAOs(organizações autônomas descentralizadas)  locais e moedas sociais. Além disso, as Pop-up Cities funcionam como laboratórios urbanos, ideais para testar novas tecnologias, como energia limpa, saneamento modular, conectividade descentralizada (mesh networks) e até mesmo modelos de governança on-chain.

fonte: apresentação Ipê City - Jean Hansen
  
    A essa altura, talvez você esteja pensando que tudo isso não passa de uma ideia disruptiva em um papel bonito. Mas acredite: Pop-up Cities já existem ao redor do mundo e não são apenas conceituais.
A proposta de Jean Hansen, junto com a Founder Haus, é justamente trazer esse modelo inovador para o Brasil, com foco em Santa Catarina, na Ipê City(em Jurerê). A ideia é transformar o estado em um terreno fértil para a criação de cidades modulares, sustentáveis e tecnologicamente avançadas, impulsionando um novo modo de viver, onde comunidade, tecnologia e inovação caminham lado a lado.

  Exemplos de Pop-up Cities ao redor do mundo incluem Próspera e Infinita, ambas localizadas em Honduras. Esses projetos representam experimentos reais de cidades com governança inovadora, tecnologias emergentes e foco em desenvolvimento sustentável.
Aqui no Brasil, embora ainda em estágios diferentes, iniciativas semelhantes já estão em andamento. Um exemplo é o projeto Favela 3D, liderado pelo ecossistema de ONGs da Gerando Falcões, que propõe uma transformação profunda em comunidades vulneráveis, com foco em dignidade, infraestrutura e inclusão tecnológica.
Ou seja, esse cenário não está tão distante da nossa realidade. Ele já começou e pode muito bem evoluir com iniciativas como a proposta da Founder Haus.

moradias da Comunidade Marte - Favela 3D

   Entre as limitações das cidades modulares, estão a falta de reconhecimento legal pelas legislações vigentes nos territórios onde são implementadas, a dependência tecnológica e, em alguns casos, o risco de isolamento social. Esses fatores podem representar obstáculos importantes à consolidação desses modelos urbanos.
No entanto, assim como ocorre com toda tecnologia emergente, a mobilização social, aliada a aportes financeiros estratégicos, pode acelerar a adoção, o desenvolvimento e a consolidação dessas novas formas de habitar e organizar comunidades.

    Portanto, as Pop-up Cities representam muito mais do que um modelo de cidade futurista, mas uma resposta aos desafios urbanos contemporâneos, como a centralização do poder, a ineficiência dos modelos tradicionais de governança e a urgência por soluções sustentáveis e inclusivas. Ao permitir experimentação social, tecnológica e política em pequena escala, essas cidades modulares funcionam como protótipos vivos de futuros possíveis. E mais do que isso: mostram que inovação urbana não precisa ser limitada a grandes capitais ou países desenvolvidos.
Ver esse movimento sendo considerado em solo brasileiro, especialmente em Santa Catarina, mostra o poder desse polo tecnológico que é Florianópolis. Resta a nós, observar, participar e ajudar a moldar esse novo capítulo.
Afinal, imaginar o futuro é importante. Mas construí-lo coletivamente é o que realmente faz a diferença.

    Sendo assim, se você se interessou pelo tema, acompanhe as redes da Founder Haus e fique de olho nos próximos eventos. E, caso alguém te pergunte o que são Pop-up Cities, você já sabe o que responder.
No mais, era isso! Foi um evento divertido, e acredito que esse conceito ainda vai se popularizar nos próximos anos. Se cuidem e até o próximo post!

João Pedro Becker Schneider
08 / 04 /2025


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